sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Sobre o único amor

E quando penso que já esgotei o "falar de amor" eis que ele sopra em meus velhos ouvidos palavras novas!

Apenas por respeito e amor a língua usarei a pontuação para falar do amor  como manda a norma porém, a contragosto pois de amor deveria-se falar em torrentes, em cascatas, em cataratas na época das cheias.
Não ha e nunca haverá, sobre ele, assunto que se esgote.
Não se iludam os teóricos e alegrem-se os poetas.
Tenho desconfiado que o amor se esconde em cabelos brancos já que, quantos mais maior a clareza como o vemos. O verdadeiro amor só é acessível aos velhos.
Não! ...Não se entristeçam crianças!  A vocês deixo as divertidas e lúdicas paixões, muito a propósito para as suas joviais energias.
A mim e aos meus contemporâneos prefiro o amor na sua única e verdadeira forma; o amor dos pais.  Um verdadeiro amante amará o objeto do seu amor sempre como um pai ou, e melhor, como uma mãe.  Este amor será "incondicional", ou seja, não haverá uma relação de comércio entre amante e amado, coisa tão comum aos "apaixonados".  O verdadeiro amor será sempre doado, jamais negociado.
O amante desejará e, em função disso, criará um ambiente propício para que o amado receba o melhor da vida.
O verdadeiro amor levará o amante a proteger o amado, não importando o tempo, como protegeria a um recém nascido.
Suavemente o amante criará boas expectativas com relação ao amado porém às guardará para si em segredo de maneira a não desviar a rota natural de crescimento do mesmo.
Aliás, o amante deverá sempre ensinar ao amado a se construir "como a uma obra de arte" e de acordo com a sua absoluta vontade tendo o cuidado de, apenas, sugerir-lhe caminhos que achar mais seguros e proveitosos.
Cabe ao amante de amor verdadeiro o exercício de orgulhar-se do amado não se eximindo, porém, de corrigi-lo amorosamente quando este se desviar do caminho da bem aventurança.  Aliás, é de boa virtude ter a mão algumas formas de suave repressão para o caso de o amado rebelar-se como, por exemplo, contatos com pessoas que também o amem.
O amante de amor verdadeiro deve estar apto a sacrificar-se pelo amado como os pais se sacrificariam por um filho.
O amante de amor verdadeiro reconhecerá contínua e conscientemente o valor do amado e será grato pelo privilégio de ama-lo.
Mas, para o amante de amor verdadeiro, o maior e mais doloroso ato de amor será o abrir das portas que darão ao amado a opção e possibilidade de ir pois só quem é amante de amor verdadeiro será forte o bastante para libertar o amado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ola. Obrigado por ler e comentar. A arte é a expressão das angustias humanas e este blog é um espaço de reflexões e, com a sua participação caro leitor (a), um espaço para o debate filosófico existencialista. Peço a você que comente criticamente, expresse a sua opinião, recomende o blog e, para pareceres de foro intimo ou pessoal utilize o meu email. Um grande e poético abraço.