Hoje alguém morreu.
Alguém que eu não conhecia,
Mas vivia andando em mim.
Alguém que nasceu no fim.
Um órgão desconhecido,
Cuja função existia,
E, apesar de sentir,
Nunca soube pra que servia.
Era feito de substância intangível.
Substância densa, gelada,
Que segurei nas mãos
E me escorreu pelos ossos.
Hoje mais alguém morreu,
Mas não saiu de mim.
E sei, enfim,
Que carregarei para sempre o seu cadáver,
Até que eu também o seja.