domingo, 13 de setembro de 2015

Afetividade física e transgressão

Estou sozinho,  sentado em minha sala onde a vista maravilhosa do céu noturno, da cidade e um vento gelado de inverno me inspiram e me fazem sentir falta do calor de um outro corpo.
O homem é 1% razão e 90% irracionalidade.  O homem é um grão de areia de artificialidade numa enorme duna de animalidade, de vivência instintiva, de "natureza humana".
O que leva o homem a não perceber este triste estado é a razão que lhe atribui a consciência de si. 
A consciência é o berço da individualidade que faz o homem ver-se apartado das coisas.  E a individualidade tem como sintoma e remédio a solidão.
A solidão é o impulso da natureza nos movendo de volta ao todo. A solidão é a vontade da natureza de que encontremos o significado da vida nos outros ou seja, é a vontade da natureza nos levando a dependência do outro para que possamos reconhecer a nossa própria existência.
Mais do que isso, a solidão nos move, em última instância, ao contato físico.
Desejamos a comunhão com os outros mas, acima de tudo, desejamos a comunhão com "alguém". Todo ser humano "se alimenta" do contato físico.  Todo ser humano se nutre dele.
Precisamos tocar a pele de alguém e precisamos ser tocados com níveis de carinho e paixão, eu diria,  equivalentes.  Não há uma grande diferença entre o nível de carinho físico que necessitamos e a sensação de segurança que tínhamos no útero de nossas mães.  Desta forma, nos somos para o outro e desejamos que o outro seja para nós "a extensão de um útero".
Procuramos, ao abraçar o outro, o mesmo abraço morno do líquido amniótico. Aí está o segredo.  Ao tocarmos o outro com paixão e ao sermos tocados somos levados a um ambiente em que a nossa "animalidade" se exerce e nos libertamos das amarras da cultura.  Ao adentrarmos neste ambiente erótico voltamos a correr livres e nus pelas savanas sob os auspícios do Deus Sol. Ao nos entrelaçararmos ao corpo do nosso "alguém" transgredimos alegremente a moral e a artificialidade grotesca do mundo criado pelo homem.
Estes são momentos de descanso para o homem natural mas deveria ser a vida.  Deveríamos nos sentir eternas crianças bem amparadas.  O carinho físico deveria ser usado como terapia para o homem moderno para amenizar às dores sociais.  O mundo deveria ser idealizado como um gigantesco útero.
Amemos.

A moral e amoral

Moral ou aquilo que vem dos costumes é o conjunto de regras que norteiam a conduta humana dentro de uma sociedade. Portanto,  moral é algo que nasce da cultura com o intuito de estratifica-la, de concretiza-la, de afirma-la. Ao meu ver toda moral é imposta pelo senso comum e tende a padronização do comportamento desrespeitando a essência do indivíduo. 
O homem é um padrão fora de padrão.  Na sociedade o homem encarna dois personagens (as vezes mais de dois). Um é o ser moldado pela moral para se encaixar no todo e celebrar a cultura.  O outro é o verdadeiro indivíduo, aquele que está conectado ao universo e sofre a pressão para exercer-se como entidade natural.  Desta forma, o homem vê a moral como um vizinho chato ao qual ele "obriga-se" a respeitar para poder continuar a morar na vizinhança.  A moral incomoda.  A moral cerceia o homem como possibilidade.  A moral reprime e leva o homem a encontrar prazer na transgressão. 
Nada é mais odioso do que aquilo que é imposto.  A lei ou a "moral formalizada como ferramenta de imposição" é algo que mantém a coesão social andando num fio de teia de aranha.  Se a moral impõe ao homem um formato agradável a cultura e da-lhe, a título de recompensa, a sociedade a lei o molda.
Fomos projetados para andarmos nus na savana sem limites tanto físicos quanto comportamentais e sobrevivemos até os dias de hoje e, creio que teríamos sobrevivido e seríamos uma raça mais feliz se o homem como ser conectado ao universo tivesse predominado.  Creio que as dores terríveis que sentimos hoje nascem do esforço deste "homem universal" que está aprisionado em nós faz para ser reconhecido como o verdadeiro homem.
Amanhã de manhã, quando o despertador tocar, você ouvirá a voz dele.
Feliz segunda feira.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Meaning

O homem é circunscrito,
Eu, espaço, limites.
E seus dias são tristes,
Sem significado estrito.

O homem é imenso vazio,
Paira, volátil, sobre às águas,
O vazio, são amargas mágoas,
Dura imensidão em estio.

Mas no amor se substancia,
Preeche ele de tudo o nada,
Vale-se a curta estadia.

No amor significa a vida,
No amar o ser vivencia,
A plenitude ansiada.

" E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas."

Irresistíveis estruturas

Neste pequeno texto procuro analisar de forma crítica a influência das estruturas mutantes das dinâmicas usadas para a aquisição de bens sobre as dinâmicas nos relacionamentos humanos.

Chamo de "dinâmica" a um conjunto de procedimentos ou ações que tem um fim definido e "estruturas" a esse conjunto de procedimentos.
Não discutirei aqui os benefícios ou malefícios de tais dinâmicas mas sim,  às mudanças ocorridas ao longo do tempo e suas consequências.
Antes do advento do capitalismo o mundo vivia uma realidade onde as relações pessoais com as coisas eram muito mais sólidas.  Um camponês que desejasse comida tinha que cultiva-la com os recursos locais e suas tecnologias.  A produção era praticamente artesanal e, desta forma,  o valor agregado a tudo era grande.  Tudo era "caro" ( no sentido de "querido"). Tudo deveria durar muito em função da complexidade da produção.  Havia uma cultura voltada para a manutenção, ou seja, tudo era passivel de conserto e a durabilidade era uma qualidade muito desejável.
A tudo isso o homem deu o nome de "tradição".
Portanto podemos afirmar que a "dinâmica para aquisição de bens" tinha uma estrutura complexa que agregava valor ao bem desejado tornando-o tradicional.
Com o advento do capitalismo e, consequentemente, com a implementação dos meios de produção em escala industrial criou-se o conceito de " mercadoria".
Com isso a dinâmica para aquisição de bens mudou.  A estrutura desta dinâmica se tornou muito mais simples já que o comércio se especializou e se desenvolveu para alcançar lucros crescentes.  A aquisição foi facilitada para o consumidor que, aliás, se tornou mercadoria também.
Se antes, para se adquirir um bem deveria-se implementar uma dinâmica de aquisição complexa e artesanal que levava a relações humanas complexas e tradicionais agora a dinâmica vigente leva o homem a adquirir bens para adquirir outros bens e as relações comerciais entre humanos que duravam gerações agora duram minutos.
Isto teve profunda influência nas relações pessoais com a adoção de modelos relacionais baseados nos modelos produtivo/comerciais capitalistas. 
A urgência pelo lucro passou a ser medida para a urgência nas relações.  A aquisição de relações humanas segue o ritmo das relações comerciais.  O fator "descartabilidade" dos processos capitalistas também é aplicado às relações entre pessoas tornando obsoletos os atos que visam "consertar" situações.  A tradição que simboliza a durabilidade de tudo é trocada pelo "anseio do novo". Os meios de comunicação são, predominantemente, virtuais potencializando a capacidade de criação de personagens que tornam às relações baseadas em ilusões e fadadas ao conflito entre realidade e utopia. 
Já não estamos certos das nossas relações como já não temos a certeza se um certo bem de consumo é moderno ou obsoleto dada a velocidade de produção do novo.
Estamos encarnando o fantasma do autômato?

domingo, 6 de setembro de 2015

Da imprevisibilidade de tudo

O universo (espaço e tempo) e às forças que o geram e mantém (a natureza) são absolutamente e infinitamente maiores do que o homem.
Sendo o homem criatura da natureza e, como qualquer criatura dentro deste universo, limitado, é impossível para ele a certeza posto que, a sua capacidade de conhecer e saber nunca abraçará o todo.
Esta incapacidade em saber e o seu sentido de infinitude gera, no homem, a esperança, a mãe da ansiedade.
O homem vive a correr atrás das certezas e, em função disso, vive de previsões e das expectativas delas provenientes.
A imprevisibilidade de tudo leva o homem a esperar e a tentar diminuir o tempo de espera procurando. 
A procura é o que alivia a ansiedade ou o que lhe diverte.  A procura é o entretenimento do homem durante a sua curta viagem pela vida.
Durante a sua vida o homem procura o descanso, ou seja, procura o fim de sua ansiedade.  Para isso busca o entendimento das coisas ou se afasta do mesmo criando para si um mundo artificial e conveniente. A doença social é o conflito entre esses dois mundos.
Talvez, um dia, o homem perceba a impossibilidade da certeza e aceite o seu estado limitado.  Talvez o homem se reconcilie com o universo e admita a sua absoluta dependência dele.

sábado, 5 de setembro de 2015

Verba et limitibus essent circumscriptae

A palavra é o limite que
Limita o mundo e a vida.
Muralha de signos,
Obra concebida.
Obstrução do fluxo
Do entendimento.
Afronta do símbolo
À vivência.
Fruto da consciência,
Opção ao enfrentamento.
A palavra reduz o mundo.
Mostra a necessidade,
Traz o acordo,
Gera sociedade.
Mas a palavra me limita,
Imita a verdade,
Mas a verdade imitada
É simulacro da verdade.
O signo não sacia
A minha ânsia de tudo.
Quero a significação
Do profundo,
Não a profanação do mundo.

Palavras já não me bastam.

O amor como espectativa

Já disse mais de uma vez que o amor pertence ao amante.  Ao amado é dado o benefício do usufruto.  Ao menos a princípio esta é a dinâmica.  Alguém oferece o seu amor ao outro e o outro decide se deve usufruir dos benefícios deste amor ou não.
Mas o amor é a isca que usamos para atrair alguém em quem depositamos a nossa espectativa de felicidade.  Prometemos satisfazer os mais absurdos desejos em troca da aceitação do nosso amor.
Na verdade o que desejamos mesmo é que alguém de significado às nossas vidas.  Amar é, deste ponto de vista, "significar a existência do outro" e ser feliz é "perceber algum significado na própria existência".
Amamos aqueles que nos significam,  aqueles que nos atribuem utilidade, aqueles que nos substânciam. Amamos aqueles que dão às nossas vidas um sentido.
A vida humana, apartada dos desígnios da natureza, é pobre em sentido.
Questões como; para que eu sirvo? Qual o meu papel na grande roda da vida? Quem e o quê sou eu? São respondidas pela dependência amorosa e pelo reconhecer da nossa utilidade pelo outro.
O amor dos pais por seus filhos e, de forma mais contundente, o amor dos avós pelos netos ilustram muito bem estas hipóteses.
Já nas relações entre casais o amor como espectativa se faz notar no contentamento ou nos conflitos e separações.  O casal consegue viver harmonicamente quando ambos dão significado a vida do outro e às suas próprias vidas a partir do outro. A felicidade, nesses casos, é atribuída ao reconhecimento e ao valor dado de forma recíproca.
Como já disse,  amar é dar significado a existência do outro e ser feliz é perceber o significado da própria vida a partir do outro.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A busca pela continuidade

A admiração e estupefação pela morte e sua consequente conscientização trouxe, ao homem,  o pensamento e o transformou em indivíduo.
Ao perceber-se indivíduo o homem percebe, também, o seu apartamento do todo e, consequentemente,  a sua solidão.
A solidão é algo maravilhoso pois nos permite vermos a nós mesmos e, desta forma,  permite-nos a mudança em nós e, a partir de nós,  a mudança do mundo.
Mas o indivíduo, ao perceber-se só, percebe o próprio desamparo diante da imensidão imensurável do mundo e se amedronta.
Amedrontado e inseguro o homem deseja o retorno ao todo. O erotismo e o amor são invenções humanas para completar, momentaneamente, a lacuna deixada pela individualização do homem.
Na tentativa de recompor o fio que o ligava a tudo o homem ama e se relaciona de forma erótica.
O erotismo é uma forma de transgredir os limites impostos a sexualidade, uma forma de ligação momentânea com o todo (comunhão) e uma forma momentânea de vencer a morte.
Durante o orgasmo nos fundimos ao universo e, ao voltarmos sofremos por sermos confrontados com a nossa miserável situação após termos nos apartado dás nossas origens.
Viver é, portanto, a procura, eu diria, desesperada por momentos de comunhão com o todo; o que, erroneamente, chamamos de paz.
O seu oposto, a violência em suas múltiplas expressões, também é "orgasmica" já que nos leva a comunhão com o todo via alívio da nossa violência interior represada pelos limites impostos pelo trabalho assim como a sexualidade o é.
O homem, portanto,  é um animal que se apartou daquilo que o originou e, em função disso, teve que reprimir os seus instintos em nome do trabalho que constroi o seu mundo.
Mas, ao reprimir o seu verdadeiro " eu " o homem o represa, já que ele não deixa de existir mas luta para libertar-se.
Para não enlouquecer com as pressões dessas forças represadas o homem cria rotas de fuga ou válvulas de escape na forma de relações amorosas, eróticas e competitivas.
Talvez o sucesso e a felicidade da espécie humana estejam atrelados a compreensão dos mecanismos de alívio das forças naturais represadas.

Via appia

A luz é o veículo
Que traz o mundo
Pra dentro de mim.
A luz é o sim,
Oposto do não,
Noite escura,
Escuridão,
Feito olho,
A minha mão.

A Ápio Cláudio Cego.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Droga!...Não salvei!

Nada é mais doloroso para um ser que tem em si a sensação de infinitude do que as limitações impostas pela sua objetiva e concreta finitude.
Ao longo da sua carreira humana o homem tem perdido o sono com às suas limitações e com o desejo da "ilimitação" oferecida pelo espectro da infinitude.
Já que a infinitude é algo inferido, logo, subjetivo (eu acho que existe, eu espero que exista mas nunca vi e corro o risco de não existir), o cometa infinitude deixa, atrás de si, um rastro de incertezas.
O homem se debate num oceano de incertezas eternas e é assombrado por questões que dobram como sinos em sua mente:
Quem sou eu?
O que sou eu?
Qual a medida de mim?
Eu poderia sintetizar tudo isso numa só questão:
Eu sou o que imagino que sou ou eu sou algo que desconheço?
A sensação da infinitude aliada a certeza da finitude gera no homem uma forte impressão de constantes mini fracassos. 
Sofremos porque os nossos desejos estão do outro lado da cerca de arame farpado que nos limita e pior, as vezes o perímetro ocupado pelo outro é maior do que o nosso e a sua cerca está mais próxima dos nossos desejos do que a nossa própria cerca e, é mais baixa.
A medida dos meus limites passa a ser os limites do outro e das coisas.
Triste referência já que, o outro sofre da mesma finitude que eu e as coisas são frutos da minha inferência (se me desejo livre) ou são frutos de dogmas (se sou apenas uma rês na manada).
O homem é um penetra na grande festa da natureza tentando aproveitar ao máximo os comes e bebes antes que alguém o expulse (antes que a festa acabe para ele).
Escrevo isso porque sou filósofo, pseudo poeta, simulacro de escritor e homem consciente da sua finitude a custo de ter se esquecido de salvar um longo texto de duas horas e, obviamente,  de te-lo perdido.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O dogma nosso de cada dia

Ou...como ficar rico vendendo cabrestos.

Dogma é um conhecimento criado e impingido sem admitir críticas.  É o conhecimento rígido, comum nas religiões.  É o conhecimento predileto daqueles que sofrem ao pensar.  Aqueles que não suportam a responsabilidade por suas próprias vidas.  Aqueles que esperam.
A palavra dogma tem origem grega e significa "aquilo que se pensa é verdade". Isto mostra a rigidez do termo e infere os seus efeitos na cultura humana ao longo do tempo.
Como já disse, dogma era um termo que remetia à religião com as suas verdades absolutas porém, ao longo do tempo evoluiu e aumentou o seu alcance para conhecimentos provenientes da filosofia, política, etc. Estes conhecimentos, geralmente,  tem cunho doutrinário, ou seja, pretende "domar" o indivíduo.
Mas às perguntas que me levaram a refletir são; até que ponto o conhecimento ofertado ao homem moderno pelo mundo é dogmático?
A autonomia é uma ilusão?
Me parece que os povos dos países menos abastados, inclusive o povo brasileiro,  tem a tendência a aceitar, sem críticas, todo conhecimento que lhe é oferecido. Desta forma tudo a nossa volta é dogma, ou seja, verdades absolutas. Acredito que haja uma sutil e velada repressão a critica a custa do conforto da irresponsabilidade.  Alias,  a irresponsabilidade é cultural, ao menos no Brasil.
No Brasil o conhecimento dogmático tem um efeito particularmente patético.  O "cidadão" brasileiro cultiva a irresponsabilidade ao não participar ativamente dos acontecimentos do país porém, desenvolveu um elaborado discurso para reclamar. Esmera-se nas reclamações e abdica ao agir.
Estaremos nos tornando "autômatos" ao invés de  "autônomos"?

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Sexo e transgressão

...ou..."O banheiro como um santuário".

Seria ridículo falar em transgressão e seus efeitos e não falar numa das coisas que mais aproximam o homem das suas origens; o sexo.
O ato sexual, se falarmos de todo o jogo de sedução até o orgasmo, é um "crescendum" energético que leva o homem do centro da metrópole e de dentro de um refinado terno até a savana totalmente nu num lapso de tempo.
Nada inspira mais a transgressão, ao burlar a moral,  do que o sexo.  Vejam vocês, a grande indústria voltada às relações sexuais!  Tudo porque, durante os jogos amorosos exercitamos nossos instintos reprodutivos segundo os ditames da natureza e nada da mais prazer do que fazer o que a natureza manda.
Durante esses jogos eróticos vencemos a morte porque criamos a possibilidade de continuarmos vivos nas nossas proles.
Durante o orgasmo exercemos a nossa humanidade primordial ou, a nossa animalidade humana.
Não é a toa que inventaram a licantropia, a crença de que o homem tem em si um animal irracional e natural e que, em condições propícias, liberta esse animal.
É comum a referência a dotes animalescos quando se fala em sexo, o que denota uma "vontade de retorno".
O sexo nos liberta, mesmo que por um momento, e nos aproxima do homem natural e a cultura com a sua moral, muitas vezes, castradora nos oprime e nos bloqueia gerando a doença.
Na ânsia por transgredir e por uma pausa na sua sofrida existência moralizada o homem "particionou" a sua própria sexualidade em "sexualismos" (homo, hetero, etc) que dão vazão ao preconceitos e a loucura.
As parafilias são outro sintoma da ânsia do homem por poder exercer-se.
Desejando o retorno a casa materna o homem cria caminhos tortos.
Uivemos.

Transgressão e redenção - I I

...ou...Escondido é mais gostoso!

É exatamente isso. "Escondido", "proibido", "pecado", "criminoso", etc.  Termos que nos remetem a transgressão, ao burlar a lei, ir contra as tradições, desviar da moral ou, usando um conceito mais simpático à natureza, "voltar às origens".
O homem procura transgredir porque, ao transgredir ele volta a ser um ser natural e deixa, momentaneamente, de sofrer as pressões que a natureza lhe aplica para que ele volte para casa.
Não se pode negar, vivemos em constante transgressão e os jovens são campeões nisso já que estão muito mais próximos do estado natural humano.  Mas fiquem tranquilos.  A cultura os doutrinará em breve como fez com a minha geração e às passadas (faço 51 dia 09 próximo).
Ha mais transgressão na cultura humana do que o "andar correto". Todos cometemos o nosso pecado de cada dia de uma forma ou de outra, queiramos ou não.
Seja em pensamento ou em atos, todos transgredimos, burlamos, nos desviamos das regras que nos privam da real existência.   Desde um doce que comemos escondido, quebrando a dieta (escondido de quem?) até aquele caso extra conjugal, tudo não passa de uma fuga momentânea para a savana.
Música alta, aquele baseado, os drinks, aquela olhada rápida para a moça de pernas bonitas, a propina do guarda de trânsito, os milhões no banco da Suíça, etc, etc, etc.
A transgressão é o pitstop (?) na existência humana.

Transgressão e redenção - I

Ou...as delícias do crime!

A cultura ou o trabalho,  como queiram,  tem como objetivo afastar o homem do seu estado natural e das dores e desconfortos provenientes deste estado.
O homem paga um preço altíssimo por isso.  Acho eu, pagará com a felicidade ou com a existência.
A característica mais marcante no processo cultural de separação do homem das suas origens é a lei baseada na moral e nas tradições.
Moral são conceitos que viraram verdades e convenções com o intuito de frear os instintos e paixões, ou melhor, domar, doutrinar.  Os dez mandamentos bíblicos são um excelente exemplo.
São leis que instruem o homem a controlar o seu ímpeto e a aceitar o jugo.
Não me levem a mau os que seguem essas leis o outras quaisquer provenientes de outras crenças.  Respeito todo tipo de fé e não as discuto ou critico. O comentários é absolutamente filosófico e enseja exemplificar o conceito de "moral".
Voltando a baila, a lei do homem ou a lei artificial criada por ele se baseia na moral nascida da tradição.  É uma lei conveniente que nasce da necessidade de privilégios daqueles que dominam. Uma lei que soa em frequências diferentes nas várias camadas sociais.
Toda essa parafernalia normativa tem efeito repressor sobre o verdadeiro eu, aquele que vivia nas savanas.
É inegável que a sociedade humana só atingiu o seu estado atual em função das suas tradições e consequentes morais e leis porém,  é óbvio que as "saudades" que o homem moderno sente do seu passado animal gera anomalias sociais e individuais.
O homem odeia a lei. Execra suas tradições, já que as destrói.
Amaldiçoa a moral já que criou um enorme aparato para transgredi-la.
Todo homem deseja, ao menos uma vez na vida, matar alguém...e não pode.
Todos, um dia, desejarão algo que não lhes pertençam...mas não deveriam.
Todos desejam a liberdade absoluta...mas é feio ou...leva ao inferno.
Mas todo homem sofre de si mesmo .