quarta-feira, 4 de março de 2020

Mar...

Só amamos o que não temos
E não temos o que é mistério.
Vasto, infinito império
Daquilo que não sabemos.

Nos move o que procuramos.
Sem  procura, não vivemos.
Ao saber demais, morremos.
Conhecendo, não amamos.

Amores, infinitos oceanos.
Profundos, escuros abissais.
Tormentosos, angustiantes, terminais.
Navegaveis para homens insanos.

Singrar-te, revolto mar
É viver por amor...
E morrer por amar.






Asfalto

Negro, rígido, denso
Forte impávido pastoso
Cobre o solo que piso
Ando e passo e penso.

Tudo tão igual e tranquilo
Liso, quente, escuro
Ervas, terras e muros
Transito eu, sobre aquilo.

Mas eis que a calma se quebra
Na falha, no furo, ponto fraco
Do sólido negro se destaca
Um impertinente, saliente buraco.

Piem, aves em meus humbrais!
(Obrigado Allan Poe)
Gritem letras de jornais!
Jorrem dinheiros sempre mais!
Destaquem-se abutres...e pardais!

(Para Ana, imprensa 🌹)