Abro a janela a espera do sol que não ha.
Da brisa que não está.
De um não existente olhar
A me olhar com ternura.
Congelado eternente na noite escura,
Na minha pétrea e fria rua.
Na minha pele limpa e fria,
Tão carente de abraço.
Procuro ouvir cada passo
Que ecoa a minha volta.
Esperando o grande amor
Do qual nunca estarei satisfeito.
Procuro cá dentro do peito
A morada de desejos,
Gênesis de mágoa e dor.
Quisera torna-la em cinzas.
Tantos são esses desejos.
Movem-me torto pela vida.
Quisera ser eu o desejo,
E o desejo a desejar-me.