segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O homem de duas faces 2 - O eremita.

Da luta entre homem racional e homem instintivo pela dominação sobre o ser.

O subtítulo "O eremita" que usei é uma tentativa de representação da fuga do homem da luta travada entre o seu Eu racional e o Eu irracional, ambos contidos nele.  Nesta reflexão tentarei colocar em debate a hipótese de o subproduto do conflito entre o racional e o irracional ser a culpa e o incomodo da culpa que o leva a uma interminável fuga.
Cansado de fugir o homem constroi uma "toca" para se esconder e tende a se isolar. Quando é forçado a sair deste esconderijo ele se fantasia em um personagem que esconde a sua verdadeira face assim como a arte esconde a realidade por trás de uma representação.
Todo homem é, portanto, uma representação de si para o outro.  "Todos somos atores no grande teatro da vida! " (me perdoem, não resisti).
A humanidade é um simulacro.  Tudo o que provém do homem não tem a sua autenticidade garantida logo, todo homem é abismo sem fundo. Por mais que tentemos atingir-lhe os limites jamais conseguiremos.  É por isso que considero todo homem perdoável e reconheço o direito dele à paz pois ele não escolheu ser um abismo.
Toda ação humana é influenciada pela luta entre às duas instâncias que o compõem e pouco controle ele pode ter sobre os seus atos.
Na tentativa de "normatizar" o comportamento do grupo e, talvez, para minimizar o "ruido" gerado pela luta entre os seus dois espíritos o homem criou a "moral" que Nietzsche chama de "tu deves" ou seja, a moral impõem o comportamento do homem dando poderes a instância racional e reprimindo o Eu irracional.
Preso na jaula moral o Eu irracional se rebela, protesta e tenta dirigir o ser para que ele passe a agir com fins de liberta-lo. Em contrapartida, o Eu racional segura a porta da jaula mas se distrai algumas vezes deixando o Eu irracional sair perdendo sobre ele o pouco controle que tinha.  Desta forma o homem vive os seus extremos.  Ou reprime o instintivo e violenta a natureza, e ela se volta contra ele, ou liberta o homem natural e se violenta em função da razão.  
É este o palco da tragédia do comportamento.  E é como crítico desta tragédia que o homem tenta entender-se, conhecer-se e ajustar-se a vida na busca pela harmonia e a paz consequente.  E é como um crítico da tragédia humana que eu debaterei os princípios do comportamento humano e os seus efeitos sobre o indivíduo e o outro.
Vou refletir sobre a formação do comportamento durante a batalha entre os dois "Eus". Vou tentar mostrar que todo comportamento se da durante a tentativa de satisfação dos dois "Eus" ou quando um deles se sobressai.
Começarei com a relação pais e filhos.
E que os Deuses estejam conosco.

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