quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Confuso

Um dia,
Durante uma tempestade,
Como de ser não haveria,
Por escárnio da divindade,
Do nada ele nascia.

Nascia "o homem que sabia tudo".
Até os sete cresceu mudo,
Estupefato por saber,
Não via sentido em crescer,
Por nada ele sofria.

E, porque tudo sabia,
Nada havia a aprender,
Nada o estimulava,
Por nada opinava,
Nada havia a compreender.

Aos comuns ele invejava.
Quão gratificante devia ser,
Ter um vazio no espírito,
Reserva para o aprender.

E não sofrer deste tédio,
Por não ter que inquirir,
Por não ter que partir,
Em busca de sentidos!

Assim como os homens ávidos,
Por todas às coisas entender,
Também queria ele ser,
A ter dias tão pálidos. 

E, um dia, por tudo ter a ele sentido,
Presa de insuportável vazio,
Farto de inveja e vaidade,
Tirou-lhe a vida o fastio.

Em verdade ele nunca soube.

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