domingo, 1 de novembro de 2015

O paradoxo de tudo

Não tema, não se importe.

Tudo é feito para dar certo porém, tudo é feito para dar certo se todos agissem sobre tudo da mesma forma.
Para que existisse a verdadeira paz o homem deveria estar seguro de tudo o tempo todo.
Paz é sinônimo de certeza, de segurança com relação às coisas e a prova de que não há certezas e que vivemos de expectativas.
Ter expectativas, ter fé significa que esperamos algo e se esperamos não temos a certeza com relação a esse "algo".
Num estado de paz verdadeira não pode haver esperança já que, aquilo que não esperamos vai acontecer com certeza.  Temos absoluta segurança com relação a tudo.  Tudo acontece porque tudo foi feito para acontecer da forma que nos satisfará.
O homem vive num mundo, artificial e criado por ele a sua imagem e semelhança, onde reina a incerteza e a insegurança.  Desta forma, incerto de tudo o homem espera que tudo de certo.  Ele fecha os olhos e torce para que às suas expectativas sejam satisfeitas.  Se não são ele sofre e culpa aquilo que não o satisfez.
Assim, por exemplo, a ética só funcionaria se todos fossem éticos, a igualdade funcionaria se todos fossem iguais e a fraternidade só seria efetiva se todos se amassem como irmãos deveriam se amar.
Alias, quando pensava em escrever este artigo o que me incomodava era exatamente o paradoxo do amor incondicional.
Se alguém ama incondicionalmente deveria ser feliz amando o outro sem esperar nada.  Porém o amor "incondicional" vem recheado de expectativas alheias ao outro ou seja, o outro, na maior parte das vezes, não sabe que o amante espera algo em troca do seu amor.  Quando o amante não recebe aquilo que "incondicionalmente" esperava ele sofre e coloca toda a culpa da sua dor no objeto amado que, sem saber, não satisfez às expectativas do amante.
Ve-se então que a paz no amor ou em qualquer âmbito do relacionamento humano só seria possível se todos abandonassem os seus livres arbítrios e se tornassem "formigas" cumpridoras dos seus deveres.
Difícil não? !
O homem é uma espécie de formiga rebelde.  Vive ele numa sociedade como a das formigas porém não quer cumprir com aquilo que é estabelecido para se manter um estado de paz nessa sociedade.
A paz nesta sociedade exige a solidão pois apenas abdicando às expectativas e a esperança se pode obte-la e só se consegue tal intento se eliminarmos a figura do outro e aceitarmos o desconforto de uma alto identidade, ou seja, se aceitarmos a manutenção da nossa identidade sem as referencias externas.
Não ha e nunca haverá paz no amor.
O homem é uma formiga que sonha em ser um tamanduá.

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