sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O fantasma do meu pai - II

Dominação dos pais e a memória do comportamento.

Vou chamar de "memória do comportamento" à aquelas memórias que acessamos quando nos deparamos com situações que exigem alguma atitude.  Estas memórias definem o sucesso ou o insucesso das relações entre homem e mundo.
Temos a tendência de guardar na memória aquilo que nos impacta de forma mais forte.  Não preciso dizer que os nossos pais ou aqueles que cumprem de alguma forma este papel são os que tem grande influência na formação destas memórias.  Neste caso é comum frases como "já dizia o meu pai" ou "aprendi com os meus pais" entre outras.  Estas formas de expressão do sentido de valor que damos às memórias formadas em nós por nossos pais mostram a sua importância.  Mas quero deixar aqui a expressão "memória" como "presença".
Aquilo que guardamos como memórias nada mais é que a representação daquilo que às formou.  Os ensinamentos e às ações dos nossos pais são representações dos mesmos.  São seus representantes.  São, em algum sentido, os seus fantasmas que influenciam fortemente a formação da nossa identidade, ou seja, a construção do que somos. E a presença dos nossos pais representados pelas memórias por eles formadas reprimem o nosso livre desenvolvimento, ou seja, reprimem a construção da nossa identidade por nós mesmos.  Impedem a construção da nossa identidade como nossa obra prima.  Os fantasmas dos nossos pais impedem que nos construamos como obras de arte.
Por outro lado, quando a segurança oferecida pelos pais à criança é confortável há a tendência de o indivíduo não desejar abandona-la. Neste caso o homem presta culto aos fantasmas ao invés de exorciza-los.

Este é o pássaro que não voa por não desejar abandonar o ninho.

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