sábado, 21 de novembro de 2015

A cultura do ressentimento

Da construção da moral como afirmação dos estados de dominação e submissão e seus princípios.

O universo é dinâmico e a sua dinâmica pauta-se na construção e destruição.  Tudo que nasce está fadado ao fim. Tudo tem a sua aurora, o seu apogeu e o seu crepúsculo.  É certo então que, ha sempre algo maior destruindo algo menor ou seja,  ha sempre algo dominando algo que se submete.
Nas relações humanas não é diferente.  É do espírito do homem o desejo de poder, o desejo de controlar já que, é a tentativa do controle ou o controle que afirma a sua existência.  Aliás, creio eu que, o maior incomodo do espírito do homem é a incerteza da própria existência.
Se é do espírito a vontade de poder e, se ha espíritos mais fortes e espíritos mais fracos ha espíritos que tem uma vontade de poder mais forte e outros que tem a vontade de poder mais faca logo, há tendência de dominância dos espíritos mais fortes sobre os mais fracos.
Os espíritos agrupam-se de acordo com às suas forças e criam mundos específicos para si.
Mas a dualidade dominação / submissão gera um desequilíbrio e todo desequilíbrio gera um conflito que nada mais é que a tentativa de ambos os lados de subjugar o outro.
No caso dos homens, que são animais que reagem ao meio, ha a criação de "ferramentas" que afirmam a sua existência e o seu mundo e que justificam a sua reação contra  outros mundos a quem antagonizam.
Neste caso a moral é a ferramenta que justifica a existência e o ressentimento do dominante e do dominado. Ambos se ressentem pelas diferenças que existem entre si por acreditarem que estas diferenças os ameaçam.
Entre os homens os dominantes rejeitam aos dominados por terem o medo de decair ao estado destes e os dominados rejeitam aos dominantes por não aceitarem o jugo e por não conseguirem ascender a posição dos mesmos.  Esta eterna luta entre classes é que movimenta a espécie humana numa competição eterna e os homens se aparelham por toda a sua vida para isso. É natural que o mau estar mantido por essa situação é o que inquieta o homem.  A luta por não ser dominado é a base das relações e o cansaço desta luta gera a doença.
O princípio da moral é, portanto, o ressentimento dos homens por outros homens e o seu papel é justificar os seus estados.  A moral é, desta forma, uma criação do homem e, portanto, é artificial e contrária aos desígnios da natureza.  Sendo assim, é falha e ambígua, passivel de várias formas de interpretação e geradora de conflitos.
Basta ver que a moral do dominante e a moral do dominado tem valores distintos.
O dominante valoriza a força, a riqueza, a competição e a vitória.  Já o dominado valoriza a humildade, a fraternidade, a temperança e a aceitação da vida entre outros, valores que caracterizam a tendência a submissão.
O dominante tem, sobre si, a responsabilidade de manter a sua posição a custa da submissão do outro e tem a tendência à luta.
Já o dominado tem o desejo (e não a responsabilidade) de ascender a posição do dominante e é induzido a não lutar.
Para o dominante sobra o medo de perder a sua posição e para o dominado fica o desejo crescente por conforto e a sensação incomoda da injustiça.
No caso da relação estado/cidadão no Brasil a subserviência do povo leva ele a criar uma relação de dependência em troca da harmonia.
É este equilíbrio delicado entre dominantes e dominados o que caracteriza o estado político brasileiro.
Quer me parecer que a paz relativa do nosso país é fruto da moral flexível e plástica do seu povo.

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