quarta-feira, 15 de abril de 2015

Desperto

Quem é você a quem nomeio realidade?
Criatura ou criador?
Eu, de mim, caçador,
Movido por dúbia verdade.

Como conceber o verdadeiro,
Se o real é fantasia,
Criada a revelia,
Ou proposta pelo obreiro?

Não há, comum, realidade.
Todos próprias às tem.
Criadas como convém,
Ou fruto de passividade.

Então, como entender o outro,
Se ele é por mim criado,
E por mim idealizado,
Seguindo um meu parâmetro?

Como entende-lo a partir da minha verdade,
Se é criador de si,
E tem para si a liberdade,
De escolher o que não escolhi?

É, então, minha covardia
Qualquer julgamento,
Se não tenho o conhecimento,
Do que o outro criaria?

Aqui não caberia,
A justa tolerância,
E, em última instância,
Respeitoso distanciamento?

Quem me dera um dia,
A insana fantasia,
Me deixasse acordado!

Então, sem ter julgado,
Sobrio eu contemplaria,
Do outro, a realidade,
E a paz dos justos em mim seria.

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