domingo, 15 de fevereiro de 2015

Liberdade

De tanto perseguir a autonomia,
E desejar a isenção,
Não se percebe a ignomínia,
Da irresponsável ação,
De buscar algo que é,
Mas não é o que parece ser,
E um dia quem procura ha de perceber,
O mal que faz a si mesmo.

Pode-se atingir até,
O desejado intento,
De possuir-se imunidade,
Mas advirá o lamento,
Pois, desconhecendo o que é,
A sonhada independência,
Põem-se diante da cruel realidade,
Do universo de carências,
De quem alcança a liberdade.

Não há independência sem dependência,
Um estranho paradoxo,
Ao tomar da autonomia a ciência,
Percebe-se quão complexo,
É não estar-se ao outro preso,
E sente-se da solidão o peso,
Perde-se de tudo o nexo.

Não há, portanto, liberdade,
Se não se está do outro dependente,
Pois não ha quem se agrade,
Das asas do amor ausente,
E é triste a autonomia,
Sem a insólita e amorosa grade,
Que me nega a alforria,
E me da a liberdade.

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