segunda-feira, 27 de julho de 2015

Pater

Ao mais alto valor dedico a vida,
E a ela abdico, por amor.
Sei que estas sempre de partida,
Sei, este meu maior temor.
Odeio o tempo que te torna homem,
Tempo que te dará as asas,
Enquanto, por ti, as minhas somem,
Em conflitos de alegrias.
A que vem o castigo de te ver crescer,
Fugindo de mim como areia entre meus dedos?
Como haverá paz em viver,
Se ainda me movem os medos,
Dos tempos que engatinhavas?
Hoje são outros teus brinquedos,
Já é próprio o seu brilho,
E, quem sabe, o teu filho,
Te faça sentir o que sinto,
E um dia, ja velho como eu,
A lhe falar sobre a vida,
Perceberá em ti o mesmo medo,
Que eu sentia por tua partida.

Filhos não deveriam crescer nunca.

(Ao meu filho Paulo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ola. Obrigado por ler e comentar. A arte é a expressão das angustias humanas e este blog é um espaço de reflexões e, com a sua participação caro leitor (a), um espaço para o debate filosófico existencialista. Peço a você que comente criticamente, expresse a sua opinião, recomende o blog e, para pareceres de foro intimo ou pessoal utilize o meu email. Um grande e poético abraço.