terça-feira, 7 de julho de 2015

Amigos e espelhos

São 16:10 do dia 07 de junho de 2015 e estou sentado num pequeno palco de um complexo esportivo.  A minha volta um pequeno porem enormemente barulhento grupo de adolescentes.
Não perco um som. Não perco um movimento.
São garotos construindo um mundo novo bem debaixo do meu cavanhaque. Sinto-me num momento histórico.  Feliz por ter consciência suficiente para apreender o momento.
Olho os olhos de todos e todos se olham com um profundo interesse em si. Explico.
Cada garoto olha o outro como se olhasse o próprio reflexo num espelho. Ajeita-se e trejeita-se e observa o resultado no outro.  Cada movimento,  cada som traz uma alegria ou uma decepção.  Cada um pergunta para o outro de forma não verbal "quem sou eu?" "O que eu sou?".
Cada um constroi o outro e é construido.
Um dia serão a síntese das suas relações.
Ah! Se cada um soubesse a responsabilidade e a oportunidade que tem nas mãos!
Fico aqui, ouvindo todo esse barulho ( tadinhos dos meus pais! ) e imaginando o homem sem espelhos. Acho que seria um animal feio e disforme.
E como brilham esses espelhos!

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