domingo, 19 de julho de 2015

A infinitude, fábrica de deuses.

O animal racional sofre com a ilusão crônica da infinitude.
A razão leva o homem a construir.  Ele constroi o concreto e o abstrato.  Constroi prédios e a própria felicidade porem, ao construir o homem se condena aos limites das suas construções e esses limites lhe dizem que a algo mais a fazer, dizem que ainda há possibilidades.  A razão torna-se uma ferramenta de evolução e interpretação do mundo mas a razão nega ao homem o fim da sua obra.
Ao construir o homem deseja completar o que constroi e ao completar tem um breve momento de paz onde contempla o que construiu. Porém, a própria contemplação leva o homem a perceber os limites da sua obra e passa a desejar mais. Este "desejar mais" é a angústia.  A cenoura presa a ponta da vara fixada às suas costas a qual segue desejando.
Este processo também leva o homem a temer os limites porque os limites lembram ao homem a sua insegurança. 
Ciente dos seus limites e dos limites dos seus conhecimentos o homem "procura". E, na ânsia pela cura das dores da procura o homem cria deus.
Deus é o descanso do homem.  Uma sombra artificial onde ele se esconde do sol inclemente da sua ignorância.  Mas a angústia advinda da consciência do infinito o leva a sair da sombra e o leva a procurar até que o cansaço da procura o leve a sombra de deus novamente.
Estou sentado em minha casa agora e, vizinha à ela ha uma igreja onde alguém grita "glória e aleluia" a horas sem parar. Este homem se desliga da sua angústia enquanto grita e o processo de catarse o levará a uma paz que vai durar até que a consciência do infinito e os seus limites impostos o acordem do sonho.

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