sábado, 4 de julho de 2015

Memórias comportamentais

Tenho já meio século e e esta "média secularidade" me autoriza a falar das mudanças da moral como algo sistemático.  Falar das mudanças culturais como um processo dinâmico e específico absolutamente voltado para o conforto do homem em detrimento da natureza.
Quando criança,  na zona rural de Atibaia, S.P,  minha terra natal,  eramos tidos como "remediados" portanto,  um degrau acima de "pobres" porque tinhamos um radio AM.
Não havia fogão a gás,  água encanada e havia apenas uma lâmpada e uma tomada elétrica.  Havia um poço que supria às nossas necessidades hídricas via balde e sarilho,
Uma "casinha" (banheiro) externa e espaço,  muito espaço!
Nossos brinquedos ae resumiam a gravetos, terra, água e uma imaginação que não caberia em todas às lojas de brinquedos do mundo.
A responsabilidade também fazia parte das brincadeiras já que trabalhávamos para ajudar os nossos pais, seja os mais velhos pajeando os mais jovens, seja botando a mão na massa literalmente.
Vi muita mãe jovem com o filho montado nas ancas a cortar galhos com um facão ou de cócoras cuidando de hortas.
Vi muitos homens chegarem em casa caindo às gargalhadas,  picados por abelhas com baldes cheios de favos de mel!
Vi senhoras de muita idade sairem dos matos com enormes feixes de lenha nas costas já encurtadas pelos longos anos de luta.
Não havia tempo para a maldade.  Falava-se sobre o tempo e sobre a roça de milho ou outros alimentos.  Gabava-se sobre a quantidade de litros de leite de uma vaca ou a produção de ovos enormes de uma galinha.
Amava-se sem a dialética.  Amava-se.
Respeitava-se porque respeitar era bonito.
Ajudava-se porque era obrigação.
Rezava-se para agradecer ou para agradar a Deus ou a um santo específico.
Havia fé sincera (eu já criara os meus Deuses)
Agora olhe a sua volta.
Essa é a diferença.

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