domingo, 30 de agosto de 2015

O fracasso da cultura

Não se esqueçam dos seus guarda chuvas; o mundo está desmoronando!

E o homem desmorona com ele e, por estar inserido nele, não percebe.
O que vemos hoje é um constante "remendar" o mundo.
Enquanto escoramos daqui ele se quebra ali.
O projeto inicial de um mundo que factuasse a felicidade e a liberdade do homem via ciência deu errado e, pior, tem criado homens cada vez mais errados em função da negação dos seus vínculos viscerais com a natureza.
Ao negar os seus instintos e paixões ao tentar suprimi-los com a tecnologia, a moral e a ciência o homem cria para si uma jaula de onde observa, triste, a liberdade que nega a si mesmo.
A evolução da lei é uma das provas desta decadência.
Ha leis para tudo e cada lei funciona como um esparadrapo numa fissura na existência.  Cada lei tapa um buraco já antevendo um novo buraco que se abrirá.
Tudo na cultura moderna é feito para se tapar buracos.  A escola é feita hoje para tapar um buraco que se abriu nas famílias, entre pais e filhos ou, lembrando-me de Reich, entre homem, mulher e jovem.
A religião é a atadura colocada sobre a fratura que separa o homem da natureza, ou seja, o homem de si mesmo.
O trabalho, e a sua ilusão de conforto, nos separa da nossa capacidade alegre de vivermos dos mananciais naturais ou, no mínimo, nos afasta da terra.
O casamento e as suas conturbadas relações fecha uma grossa cortina que nos separa da verdadeira natureza erótica do homem e do real sentido do amor.
Toda solução para esse estado de desmoronamento sem fim é um paliativo.  A técnica nada mais é que a arte do remendo.
Um fenômeno interessante neste cenário auto destrutivo é a busca pela conclusão. 
Já que tudo desmorona, já que tudo decai, não se pode vislumbrar a conclusão de nada.  Nada é concreto tudo é fonte de dúvidas, insônia, ansiedade, medo e o seu fruto, a violência.
O homem nega a dor e não à percebe como a força propulsora da natureza. 
A dor é o que induz à adaptação e a evolução.
O sofrimento é a mão da natureza a nos levar para o paraíso mas, nós homens prepotentes e rebeldes afastamos essa mão em troca de uma improvável existência sem dor.
Não nos adaptamos mas, na verdade, fugimos.
Criamos o pessimismo.  Criamos as doenças psíquicas e sociais.  Nada disso existe na natureza.  Criamos às várias formas de dominação baseadas no alívio do sofrimento.
Nos tornamos um corpo estranho.  Penetras na maravilhosa festa da vida.  Rejeitamos o banquete em troca de uma maçã que hoje já é podre.
Uma resposta?
Amanhã, quando acordarem e sentirem todo peso da existência após uma noite mau dormida a custa de excessos, não fujam da dor mas usem-na como impulso para uma existência feliz.
Para o homem natural, afirmar o sofrimento é trilhar o caminho da felicidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ola. Obrigado por ler e comentar. A arte é a expressão das angustias humanas e este blog é um espaço de reflexões e, com a sua participação caro leitor (a), um espaço para o debate filosófico existencialista. Peço a você que comente criticamente, expresse a sua opinião, recomende o blog e, para pareceres de foro intimo ou pessoal utilize o meu email. Um grande e poético abraço.