quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A arte suicida dos jovens

Ontem vi um grafite que tinha como tema o hip hop e esportes radicais e tive uma "visão"! Na verdade, uma visão de mim mesmo quando jovem.  Revi a minha rebeldia contra aquilo com o qual não concordava e que, de alguma forma, limitava ou impedia a minha liberdade.
Percebi então que, a angústia nasce na adolescência quando às nossas necessidades não naturais, aquelas impostas pelo meio, nos assolam.
Até os nove anos vivi uma vida praticamente instintiva. Me limitavam apenas os limites colocados pelos meus pais. Viver consistia em satisfazer as mais básicas necessidades e ao delicioso "desbravamento do mundo selvagem" ( selvagem para mim). No dia do meu aniversário de nove anos descobri a libido, ou tornei consciente dela, ao ver as pernas morenas de uma amiguinha da mesma idade. Descobri a paixão. 
Descobri também que, para garantir a posse do meu objeto da paixão eu deveria "ser melhor", precisaria me destacar, precisaria competir e descobri que, ao contrário do que acontece nas sociedades naturais onde adornos,  danças e demonstrações de força eram o suficiente, eu teria que "ter". A sociedade em que eu vivia me impunha como condição para o sucesso reprodutivo a interferência no meio ou seja, a "criação da cultura".
A cada intervenção minha eu satisfazia uma necessidade e criava varias outras me levando à angústia da incerteza e a constante procura do sentido de tudo.
Tudo isso me levou a entrar em contato com a "pressão do tempo" que me lembrava da finitude da vida e gerou em mim uma premente "pressa em viver" que me deu como fruto a "ansiedade". Em função disso desenvolvi a necessidade da fuga dessa ansiedade a "qualquer custo" e conheci a arte como "válvula de escape".  Creio que esse "a qualquer custo" seja o componente gerador das atitudes radicais dos jovens.
Ao longo da vida o mundo, em decorrencia da sua infinita magnitude, "dobra o homem" e ele se aproxima da aceitação da sua submissão. Este "submeter-se" é a incruzilhada que leva o homem a felicidade ou a infelicidade, ambas relativas.
O adolescente da sociedade capitalista vive um salto de para quedas até a maturidade.

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