domingo, 16 de agosto de 2015

A individualização do homem

O produto da evolução humana é a individualização.
A história da raça humana é a história da auto consciência.  O homem se tornou racional a partir do desenvolvimento do interesse por si mesmo.  A cultura nasce da consciência do indivíduo do seu próprio desconforto.  Ao perceber a dor do seu desconforto o indivíduo muda o seu meio adaptando-o a si.
Nesta longa jornada rumo a auto consciência o homem abandona o senso de "manada" e passa a ver a si como objetivo primordial. Esta individualização do homem traz fenômenos bastante interessantes, ao meu ver.
Nas comunicações há a criação de "linguagens particulares" e interpretações do mundo próprias de cada um que cria dificuldades nas relações com o outro.
Nas relações há a procura pelo desenvolvimento próprio a partir do outro.  Procura-se "um grande amor que nos fará felizes" ou "amizades que nos trarão vantagens" ou seja, procura-se a felicidade na felicidade do outro. O outro se torna o responsável pelo nosso sucesso ou, o culpado pelo nosso fracasso.
Paradoxalmente a individualização acaba levando a dependência.  Por exemplo, o cidadão vê o estado como responsável pela sua provisão.  Ve às origens das suas dificuldades ou desconfortos na gerência do estado.  O outro, seja indivíduo, sejam os governos são vistos como pontes para o desenvolvimento pessoal.
Eu chamaria este momento histórico de "a era do ego".
Um dos subprodutos deste estado de coisas é a solidão. 
Voltado para si o indivíduo perde um pouco do contato com a manada e a natureza o avisa fazendo-o perceber esse distanciamento.
A criação de ferramentas e métodos pessoais de interpretação do mundo também levam a solidão.  A interpretação do mundo de forma individual e egoísta dificulta a comunicação com o outro levando a incompreensão e ao isolamento do homem num mundo cada vez mais seu, apenas seu.
A coesão familiar se dilui gerando um desconforto crescente o que leva os pais a delegarem a educação e, às vezes, a manutenção da família ao estado.
Naturalmente não ha como prever o futuro mas eu imagino um mundo de diálogos vaidosos, um mundo onde o apreço pelo outro será menor e a competição será muito maior.  Imagino um mundo de homens-número onde tudo é estatística.  Um mundo onde haverá amor porém, com infinitas interpretações.
Que os Deuses me façam equivocado.

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