sábado, 7 de março de 2015

Telhados

Eu ando por telhados a noite,
Coberto apenas pela lua,
Enquanto na escura rua,
O homem anda assustado,
Pois ouve meus passos no telhado,
E dos ventos recebe o açoite.

Já ando a milhares de noites,
A procura de um que encantado,
Que um dia teria levado,
A sorte que um dia eu tinha,
Sorte que já não é minha,
E me torna então azarado.

De mim todos tem medo,
E temem em mim os segredos,
Dos meus passos assombrados,
Pois sou o filho da noite,
Que traz os sinais do bruxedo.

Soprem os ventos da noite,
Sibilem por entre galhos,
Dêem ao homem passos falhos,
Fantasmas arrastem correntes,
Que sejam nos corações ardentes,
Apenas os medos que incuto,
Ao verem meu pelo de luto.

E sobre túmulos, nas lápides,
Que se escrevam o epíteto,
"Aqui jazem covardes,
Insanos e pelos seus medos,
Mortos por um gato preto.

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