quinta-feira, 5 de março de 2015

A ilusão da propriedade

A propriedade ou a apropriação caracterizam a construção e manutenção do mundo do homem.
Ha no homem uma incontrolável necessidade de ajuntar a si coisas que darão a ele referencias sobre o seu estado. Um endereço, algo que se pareça com um lar, utensílios, são o ponto de partida do homem para o mundo. A partir da sua localização fixa desse "monumento ao seu estado" o homem começa a ganhar o mundo.
Mas o homem só se sente pleno e relativamente senhor de si se tem um lugar seu para voltar. Sem um "lugar de origem" a identidade do homem se enfraquece. Sobram para ele apenas os conceitos que ele faz de si mesmo e esses conceitos são distorcidos pela interpretação absolutamente pessoal que ele faz do mundo.
A propriedade é, portanto, indispensável para que o homem se posicione no mundo. Sem ela a estrutura social se torna nômade e o progresso tecnológico se torna, no minimo, difícil senão impossível.
Ora, o poder é baseado na apropriação e/ou controle sobre elementos indispensáveis. O Estado (aqueles que administram o espaço e a vida) detêm o poder sobre esses elementos e, a partir deles, controla o homem enquanto cidadão.
O estado incute no cidadão a "ilusão da propriedade" mantendo-o crédulo na estabilidade do seu proprio estado baseado nas suas posses.
"Eu tenho uma casa!" Eu tenho um carro!" Eu tenho uma identidade!"
Mas se não se mantem um equilíbrio de forças e o Estado se sobrepõem sem a resistência necessária do cidadão a propriedade passa a pertencer ao estado e o estado cede, provisoriamente, a propriedade ao cidadão.
Em 16 de março de 1990 o então Presidente da Republica, Fernando Collor de Mello, nos deu uma grande lição de como isso funciona confiscando a poupança de milhares de cidadãos. O efeito foi devastador.
A pergunta que eu faço ao cidadão brasileiro e, principalmente, ao cidadão de classe media é:
A sua propriedade é realmente sua?
Quais os riscos de perde-la?
Como aconteceria?
Em que isso te transformaria?
Os processos políticos que acontecem agora não seriam um prenuncio de uma desintegração da propriedade?
Este é um debate urgente.


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