sábado, 7 de março de 2015

Frio

Estranho no que se transforma o homem,
Que de tão machucado se desumaniza,
De amar já não mais precisa,
Pelas dores que o consomem.

Desacreditado dele o amor,
E tendo o seu esforço esquecido,
Faz-se a si desanimado,
Frente ao dado desvalor.

Exaurido de energias,
E tendo por elas lutado,
No afã de provar a alguém,
O seu amor extremado,
Ve seu trabalho vão,
Sua obra de ninguém.

Volta-se então para si,
Pobre e deserto ser,
Que por muito bem querer,
Tornou-se odre vazio,
Pois o insuportável fastio,
Do seu amor não amado,
Teria a ele levado,
Ser o que nele antevi.

Medonho fantasma é esse homem,
Que agora bate minha porta,
Nele a vida é morta,
E o amor é sua mortalha,
Pois de amar a sua obra é falha,
E nada mais lhe importa.

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