quinta-feira, 5 de março de 2015

90

Eu navegava sozinho,
num mar calmo e amargo,
me agarrava a náufragos,
levado pelo vento marinho,
do amor desacreditado,
e vazio de carinho,
fugindo do seu encargo,
tendo em seu lugar,
a fatal piedade.

Mas eis que me vem,
você, tempestade,
de dor torvelinho,
um rodamoinho,
de angustia e saudade,
a ambiguidade,
de não estar mais sozinho,
e a mesma vontade,
da solidão dos que tem,
o coração em pedaços.

Ainda estou no barco,
meio naufrago meio pescador,
trago a vontade do amor,
e o medo da calmaria,
que me protegeu da dor,
com suas amargas águas.
tenho você ao meu lado,
meio sereia meio turbulência,
que de jovem aparência,
cobriu o meu semblante,
e não obstante,
com suas terríveis vagas
afastou as amargas águas,
que me traziam acomodado.

hoje estou acordado,
ao lado da sereia-tempestade,
ainda trago a saudade,
do pescador amargurado,
desesperado e faminto,
que se deixava levar,
pelos caprichos do mar,
e aceitava o manter,
do seu escasso alimento,
mas da mulher-tempestade,
vem a vontade e o vento,
a esperança e o  alento,
de um amor de verdade,

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