quinta-feira, 2 de abril de 2015

Passagem

Hoje estou indo embora.
Já coloquei na mala o que cabia.
Não era tudo o que eu queria,
Mas é o que em mim cabe agora.

Deixo muita coisa para trás,
Algumas poucas muito amadas,
Horas boas por mim passadas,
Momentos de alegria e de paz.

Toda hora boa tem  minutos tristes,
Destas eu levo as que tem menos,
Aquelas que causaram poucos danos,
Que para o amor foram bastantes.

Deixo para trás a causa da dor,
Aquilo a que perdi a confiança,
Aquilo que não me da a esperança,
Aquilo que impossibilita em mim o amor.

Vou embora porque é preciso.
Não fosse a dor não iria.
Nesta paragem ficaria.

Por muito andei indeciso,
Presa de amor e piedade,
Medo,  talvez,  da saudade.

Mas vou apesar das dores,
Pois sou feito ao nomadismo,
Ou afeito ao comodismo,
Que suporta o que incomoda,
Que se rende sem luta aos cárceres.

Amar é um ato solitário,
Imaturo e adolescente,
Ninguém dele é consciente,
Tudo é feito aleatório.

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