terça-feira, 21 de junho de 2016

Nec mater

Teu amor é corrente que prende os meus pés.
Doces grilhões de calor e leite.
Todos os dias te sepulto
Um pouco, um átomo.
E um pouco me esqueço
Do que és.
Mas todos os dias ao ninho torno
Para desafiar-te:
Abandona- me de vez!
E na sua imensidão absoluta
Ris de mim, criança.
Toda mulher ès tu.
Queria que fosse Madalena,
Não Marias.
Queria possui-la sem
Que fosse eu herege
Apenas no meu mundo.
Todos os dias procuro o
Seio que me negas.
Excluído, tento excluir a fome,
E tento viver e adormecer
Sem a tua voz que me embala,
Brisa suave no calor desértico,
Raio de sol no frio glacial.
Todos os dias te sepulto
Um pouco fora de mim,
Mas das tuas cinzas e
Das minhas lágrimas renaces.

Retorno sempre ao eterno retorno.

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