segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Dores memoriais

Das dores existenciais talvez a maior seja a incrível incapacidade do homem em esquecer.
Ao longo da vida agimos e nossas ações geram frutos que guardamos na memória e vivenciamos constantemente e, às vezes, dolorosamente a existência insistente destes frutos.
Assim é a saudade e, mais dolorosa ainda, a saudade dos que amamos.
Criamos laços com coisas que nos fazem bem mas os laços mais fortes, eu diria até, indestrutiveis são os que criamos com pessoas que nos fazem bem.
Posso dizer com certa autoridade que cada "bem estar" gerado por alguém é insubstituível e irreplicável. Cada pessoa que nos faz bem deixa uma marca em nossa alma, marca essa que clama pela presença de quem a criou. Ha dias em que alguns clamores são muito fortes e o som gerado em nossas profundezas nos faz tristes e nos faz desejar um abraço do objeto de nossa saudade.
A saudade, esse tipo de idolatria, é a doença da boa memória e o seu único e precário alívio está no ato da confissão do amor a aqueles que, em função do bem que nos oferecem, nos transformam em saudosos crônicos.
Eu gostaria que houvesse um tipo de serviço que nos permitisse dizer um sonoro e caloroso "eu te amo" para as pessoas que amamos e estão distantes nos momentos em que a saudade nos espeta com os seus espinhos feitos de ausência.
Queria que às pessoas das quais sinto essa falta tão dolorosa pudessem me ouvir dizendo "Oi! Eu estou aqui e nunca me esqueci de você! " independente da distância e do tempo.
Queria que a minha presença na forma de um calor sutil e reconfortante envolvesse os corações daqueles que amo todas às vezes que eu sentisse saudades.
Na verdade, eu não queria mais sentir saudades.

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