quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Vento norte

Hoje eu o senti roçar o meu rosto,
E um tremor no músculo cardíaco.
Às 12:30 do dia 12/01/2017
Ele chegou, digo, o percebi.
Ladeou-me aqui, onde sempre estive.
Trouxe-me esquecidos perfumes,
Distantes ciumes
Que me arranharam a alma,
E sob uma aragem calma
A tormenta se escondia.
Não sei o que fazia que não fugi.
Talvez a esperança de voltar a rotina
Ou a fuga do pavor de saber quem sou
Apesar do que pensava ser.
Só sei que me pus a correr
Em direção ao turbilhão de ansiedade
Causada pela vontade de te-la
Em meus velhos e sofridos braços,
Esfolados por tantos abraços no vazio.
A pensar me fio, urdindo a trama
Dos meus irrealizáveis desejos
Que me fazem andar infinitamente.
Descontente, procuro me contentar
Correndo contra o frio vento
Que nada tem de alento mas sim,
De perdição.
Quantos medos criarei em meus
Campos mentais para sustentar
Tão profundo amor?
Ou será o amoroso objeto
Que me leva inquieto,
Apenas miragem, fantasma, ilusão,
Montando como em balsa
Este velho coração,
Soprado pelo vento norte,
Soberano dos meus pensamentos
e senhor da minha sorte?
Sou eu, amante de amores selvagens,
Náufrago em revoltas águas
No rio de mil e uma ou mil e umas
margens.

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