sábado, 28 de janeiro de 2017

Morbidus

O cinza tem um porquê.
É a membranosa bandeja
Onde são servidos os moribundos.
O grande portão de chumbo.
A madeira apodrecendo sob
Impotentes olhos úmidos de
Covardia e lágrimas de medo.
A morte nos quer doentes,
Pré digeridos por leveduras.
Somos, desta forma,  melhor
Aproveitados pelo
Negro sistema que nos leva
Para onde nunca saberemos.
Saudáveis somos insossos.
É proibido voltar o rosto para olhar.
Aquele que olha corre o risco
De ver a verdadeira face da mentira.
A morte veste branco,
E tem um odor químico.
E reza para todos os Deuses possíveis aos pequenos homens.
Mas cala-se perante os grandes
Pois conhece aqueles que a
Desconhecem.
Usa o vento para nos inocular
E a luz do sol para nos atrair
Como se fosse açúcar de esperança.
Não haverá no universo algo
Tão engenhoso e eficiente
Como a morte.

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