segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Vinicius

Que o poeta não se zangue mas,
Eu discordo...
Não é preciso viver um grande amor.
Todo amor deve ser grande,
E todo amor deve ser o grande
Amor dos vários grandes amores
De uma vida.
Deve haver o desejo de numerosos ou,
Insanamente infinitos em número.
E digo mais!
Todos devem doer muito e devem
Prover a possibilidade de se
Infringir dor, pois todo bom amante
Deve ser sádico e masoquista.
E reitero!  Que não se espere, no amor, a felicidade como conquista.
O amor, o verdadeiro amor, deve
Trazer noites mau dormidas,
Ciumes abruptos e irracionais,
Encontros às escondidas.
Todos os amores serão abrasadores,
Ao ponto de nos arrancar a pele,
E deve nos dar os prazeres da
Carne viva,
Para que cada brisa seja sentida
Como um furacão.
E todos os grandes amores de uma vida
Devem ser uma sucessão,
de sustos.
Amor tranquilo?  Vã ilusão,
Ou triste desperdício!
O amor, para ser amor, deve nos dar
A eterna e irresponsável adolescência.
E o sofrer como impulso para a
Doce e inexplicável dependência.
Amar é ferir-se por amor a ferida. 

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