terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Princípios da crueldade

Das raízes da crueldade no homem.

Não se pode negar que a crueldade é um atributo inato no homem.
Todos tem conhecimento da "crueldade natural da criança" enquanto ainda "amoral". Ainda livre das amarras morais ela pode experimentar o mundo "sem dó" e pode exercer  com prazer este seu "direito inato".
Aliás, a crueldade nos da um prazer enorme e todos já sentimos aquele "gostinho" em ver o outro em maus lençóis (estou falado de você mesmo). Então eu me pergunto: qual a função da crueldade na evolução do homem?  Tenho algumas hipóteses, vejamos:
A crueldade é uma forma da criança experimentar o mundo e às coisas sem o Impecilio da moral. Desta forma ela testa os seus limites nas suas relações com tudo e desenvolve um princípio ético que se nota no respeito a esses limites. No exercício da sua livre crueldade ela não se submete ao "tu deves" e exerce plenamente o "eu quero" (obrigado querido mestre Friedrich Nietzsche). Sendo assim,  imagino que a crueldade, além de ferramenta para a experiência, é um dos elementos que da ao homem o sentido de "indivíduo" e o separa do mundo.  Ao experienciar cruelmente a criança percebe-se como agente ativo e percebe o mundo como não-eu, como algo além de si, como algo maravilhoso a ser explorado.  Antes da moral o homem conhece o sentido da vida racional que nada mais é do que explorar o mundo livremente ou exercer plenamente a sua curiosidade.  Antes da moral o homem gosa plenamente dos prazeres maravilhosos de ser o eu verdadeiro.
A crueldade é o princípio da individualização.  É o exercício de poder.  É o motor da dominação.
Devo lembrar que eu penso que energia que move tudo é a dualidade dominação / submissão e a crueldade é o ato dominador.  Não se pode dominar sem que haja o elemento cruel permeando tudo.  O pai, ao dominar o filho é cruel.
Mas penso que tudo na natureza tende ao equilíbrio e, desta forma,  o próprio exercício da crueldade acaba gerando uma contra-força que imagino seja o princípio da ética baseado na razão e no bom senso que nada mais é que a ante visão de uma vantagem pessoal (me relaciono com algo, sou livre para agir mas me limito porque imagino que esse algo me dará alguma vantagem, algo bom para mim). Porém, mesmo limitada pela ética e reprimida pela moral a crueldade ainda é uma fonte de prazer irracional e infantil, ou seja, um prazer procurado sem os obstáculos morais e éticos.  Sendo assim, "quando não ha ninguém vendo" somos cruéis e o prazer da crueldade em nós, adultos, se da pela capacidade do ato cruel afirmar a nossa existência como indivíduos.  Ao sermos cruéis nos sentimos a parte da manada e temos a sensação de controle momentâneo sobre as coisas. A crueldade é o poder afirmado. Nos sentimos poderosos quando cruéis. O eu percebe-se no momento da crueldade pois ao ver a dor do outro e  não a  sentir ele se distingue,  ele percebe a sua singularidade.
Não ha como fugir, a crueldade é um atributo inato ao homem e é o princípio da dominação que ele busca nas suas relações.  Dominam cruelmente os menos morais e submetem-se os menos cruéis.  "E disse Deus, façamos o homem a nossa imagem e semelhança".

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