segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Andante

Quando eu era criança,
Na zona rural de atibaia,
Bairro do Rosário,
As vezes eu via passar um homem,
Com uma trouxa nas costas,
Andar fiel a frequência dos passos,
Como se marcasse o compasso
Com os pés.
Num ritmo da vida com
Um objetivo, apenas um,
Fugir!
As vezes pedia comida,
Um dedo de prosa,
Um olhar que lhe lembrasse
Que pertencia a raça humana,
Ou que pertencia a alguma raça.
Sempre pensei que fosse o mesmo,
Mas eram vários e tinham
Algo em comum que os
Unia numa classe de homens,
Todos fugiam.
Formavam uma orda de
Guerreiros vencidos,
Cansados da luta vã.
Minha mãe me ensinou
Que se chamavam "andantes" porque o seu
Único objetivo e a sua única utilidade
Era andar e assustar a mim.
Ao longo das eras minhas
Vi crescer em mim um andante,
Que me convida à estrada
Quando a dor advém.
Sou um andante covarde.
Uma subclasse de andantes
Que querem andar mas tem
Medo dos caminhos.
Andante de vários objetivos.
De desejos varios.
Quisera eu não ter raízes,
Apenas frutos.

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