domingo, 13 de dezembro de 2015

O grupo

Sobre a necessidade do sujeito da vivência grupal e das dinâmicas e hierarquias.

Deve, o homem,  procurar na natureza e suas estruturas a cura para os seus males.
A natureza é maior que o homem e o homem é parte dela. Ao se afastar da natureza o homem adoece.
A doença é o chamado da mãe natureza para que os seus filhos voltem ao seu seio.

Somos animais.  Somos hominídeos.  Somos primatas.  Não podemos fugir disso mas criamos um modelo artificial de habitat estruturado de forma a nos trazer confortos que são diferentes daqueles propostos pela natureza. 
A natureza é uma mãe ciumenta e autoritária que não admite a rebeldia dos seus filhos.  Assim nasce a doença.

Parto do princípio de que, o sujeito pode se aproximar da cura quando ele percebe que as suas atitudes são antagônicas às atitudes exigidas pela natureza para o bem viver.
Como já disse,  a natureza nos oferece os modelos propícios a esse estado de plenitude.
Falemos da estrutura dos grupos primatas e a sua possível relação com os grupos humanos.
Nos grupos dos primatas superiores, aqueles dos quais nos aproximamos, há uma estruturação fixa e muito bem estabelecida.  Há sempre um macho dominante, um harém de fêmeas, machos satélites e filhotes.  Antes de continuar advirto que não estou propondo que o grupo humano siga a mesma estrutura dos grupos citados.  O que pretendo é mostrar que a natureza nos oferece, ou até, nos impõem um modelo natural de "grupo humano" assim como faz com outras espécies e que o sucesso das outras espécies talvez seja um sinal de que nós, humanos, deveríamos conhecer melhor aquilo que a natureza propõem.
Voltando a estrutura do grupo primata, neste modelo o macho dominante (pai, administrador, sacerdote, etc. ) tem o poder sobre o grupo em troca de "mante-lo". As fêmeas cuidam da continuidade da espécie. Os machos satélites buscam a liderança do grupo garantindo que sempre haja um macho jovem e forte no comando.
Todos tem que seguir às regras para pertencerem ao grupo.
Ora, o humano também é gregário.  Também precisa viver em grupo aliás,  creio que o homem é estruturado para viver em grupo.  É o que da sentido a sua existência portanto, é o que ele, a princípio, procura. 
Todos procuramos "o outro" desde que nascemos.  Nos desligamos do corpo da nossa mãe e, ao invés de partirmos, a procuramos e nos agarramos a ela. Já com certa autonomia procuramos a presença dos membros do grupo familiar, depois do grupo dos vizinhos, depois do grupo dos amigos da escola, redes sociais etc.
Estamos sempre a procura de aceitação num grupo e, para sermos aceitos temos que seguir às regras impostas.
Mesmo sem percebermos seguimos estas regras e pertencemos a vários grupos. 
Porém, ao contrário das outras espécies a participação do indivíduo humano num grupo é percebida por ele como algo volátil,  algo que, se não cultivado, se esvai.  O humano sofre com o medo de perder o seu lugar no grupo e de ser "abandonado na savana" a mercê de predadores.
Este medo ancestral nos impele a eterna procura pela aceitação, pela eterna procura pelo próprio lugar no grupo.
Isto é eterno no humano porque faz parte das estratégias de preservação da nossa espécie e das espécies grupais.  Desta forma, aquele que tem dificuldade em adquirir a aceitação ou aquele que não percebe que já é aceito adoece.

Falemos da possibilidade de cura.

Como exemplifiquei acima, nos grupos de primatas superiores a participação de um indivíduo num grupo está vinculada ao respeito às regras do grupo.
Assim, também, creio que seja da mesma forma com nós humanos.
O homem precisa do outro para criar a própria identidade então, há uma dependência de todos nos para com o outro.  Desta forma creio que a concretização da participação num grupo humano está subordinado a forma como o indivíduo se relaciona com os outros do grupo dentro das normas deste grupo.
Simplificado, é a maneira como nos relacionamos com os outros de forma a sermos úteis que garante a nossa aceitação pelo grupo e, até,  a nossa posição na sua hierarquia.
Seguros da nossa posição no grupo temos embalsamento para nos curamos.  É a sensação de sermos úteis aos nossos grupos que nos leva a plenitude.  É a percepção da nossa utilidade que nos liberta.
Desejos asas a todos .

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