domingo, 16 de abril de 2017

Domingo

Hoje eu queria uma estrada daquelas de sítio,
Feita de chão batido e buracos de enxurrada.
E queria por na estrada
Os meus velhos pés amantes,
De amores próximos e distantes.
Amores que tenho e já
Não tenho.
Queria andar fito no horizonte,
E um sol de inverno queimando na fronte,
E perfume de frutas de época
A lembrar-me infância.
Não quero pensar em distância.
Prefiro pensar que, a cada passo, abandono às dores
E deixo pra trás os amores
Que às mesmas dores causaram.
Quem sabe essa estrada existe!
E me espera com o seu sol triste para quando vier a coragem.
E, quem sabe, um dia, da
Margem eu  levante
E juntando coragem o bastante
Eu consiga largar a saudade,
Daquilo que, por minha vontade
Ainda estaria comigo.
Porque a saudade é um precipício cujo fundo
É o desperdício do amor
Desperdiçado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ola. Obrigado por ler e comentar. A arte é a expressão das angustias humanas e este blog é um espaço de reflexões e, com a sua participação caro leitor (a), um espaço para o debate filosófico existencialista. Peço a você que comente criticamente, expresse a sua opinião, recomende o blog e, para pareceres de foro intimo ou pessoal utilize o meu email. Um grande e poético abraço.