domingo, 4 de junho de 2017

Arrais

Me fiz de inverno lá na minha terra,
Por causa dos invernos montanheiros.
Por eles me tornei invernal.
Já combati o meu olhar formal,
Daquilo que é eterno
E sabe-se inevitável.
Quisera ter percebido ao nascer
Que já tinha cinquenta anos.
Talvez fosse mais fácil aceitar meus ares frios.
E talvez tivesse descoberto essa saudade incrustada nos meus brios,
Antes que ela virasse tristeza.
Me dei sempre bem com o frio
E com a letargia que ele causa nos lagartos,
Menos no lagarto que sou.
E por ter me tornado esse homem com alma de geada
Que induz ao aconchego,
Sempre tive esse equilíbrio que incomoda o mundo
E essa capacidade de ver através da neblina.
Mas tudo tem um ponto fraco,
Lembrança dada por Deus de
Que somos Deuses menores.
Então também tenho o meu.
E o que me dói e me tira o sono é que Deus,
Ao invés de me dar um calcanhar frágil,
Colocou em mim a fragilidade da nostalgia.

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