domingo, 2 de abril de 2017

Andes

Descobri que sou outonal,
De espírito andino.
E pelos caminhos por onde andei
Sempre procurei o meio termo.
Terminei me encontrando nas montanhas
Nem quentes, nem frias.
Quente mesmo só esse meu
Coração rebelde que insiste
Em se apaixonar por tudo.
Amo a queda livre e "indisciplinada" das folhas
E amo às palavras invisíveis
Mas inferíveis escritas nelas.
Tenho uma simpatia masoquista
Pelas despedidas nelas simbolizadas
E a saudade me atrai como
Às flores outonais atraem às minhas irmãs abelhas.
Aqui em cima, no frio e sob a luz nostálgica
Do sol tardio,
Dou asas a saudade dos amores que não amei,
Pois, os que amei e amo
Nunca me deixaram.
Sou andino e patagonico.
Sou fruto e semente do outono.
E, ao chegar o último sono,
Rirei eu, do amor, irônico.

Eu tentei te abandonar mas tu não me abandonaste, doce demônio.

Abril de 2017, outono.

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