terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Insosso

O amor perdeu a graça,
Aliás, nunca teve
Jamais disse algo.
Discreto, nunca fez barulho.
Veio com roupas comuns.
Se misturou a todo mundo.
Não fez alarde.
Entrou pela lateral.
Até foi confundido mas,
Desfez logo o mau entendido.
Cheguou atrasado.
Bem depois da paixão.
Essa sim, barulhenta!
Ficou de longe olhando.
E só se aproximou
Quando a rua já era vazia.
O amor não roçou em ninguém.
Teve demasiado cuidado.
Comeu apenas o que lhe foi oferecido.
Se serviu sozinho.
Não acendeu novas luzes.
Jamais deu frio na barriga.
Apenas ficou ali, ouvindo,
Sem dar opiniões.
Sentou-se no fundo da sala.
Fingiu ler um livro.
O rosto tranquilo e inexpressivo.
O amor ficou alí.
Ouviu a música.
Viu a dança.
Saiu para a varanda.
Acendeu um cigarro.
Esperou a festa acabar.
Foi até o carro.
Pegou a sua mala.
Escolheu um cantinho.
E ficou.

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