Amores cotidianos
são concretos,
suaves,
retos.
Ama-se, apenas se ama e
Se ama e se ama....
Jamais serão incertos.
Com certeza,
São linhas sem trama.
São amores de café da manhã,
Da despedida ao sair,
Do abotoar do sutiã,
"Olha o que eu comprei!"
Do recado na geladeira,
E amanhã tem feira.
Do beijo de boa noite
Antes de dormir.
São amores de domingo,
Das dez da manhã,
Com chinelo e jornal.
Café quentinho,
"Quer mais benzinho?"
Beijo com pão e manteiga.
Refeição frugal.
Amo esses amores comuns,
Amores ternos, eternos,
Suficientes, necessários,
Quase auto propelidos
Por motores movidos
A selinhos diurnos, noturnos,
Diários..
Dos quais só temos um,
Jamais alguns.
Mas o amor que me encanta,
Que me alimenta,
O amor que me acalenta,
Áureo e hormonal,
Quando a idade toca o meu ombro
Me lembrando que estou indo,
O amor que me mantém sentindo...
É o amor "hiato"
Que pausa a vida num sorriso
De dentes brancos
Que perfumam a minha mente
De hortelã e janela aberta
Para eu pular!
É o amor furtivo dos olhos
Furtivos que me espreitam
Entre os meus desejos
Dos beijos sempre negados
Ou das carícias impudicas
Disfarçadas de brincadeiras
(Que ancas maravilhosas!)
O melhor amor é aquele que
Promete mas não cumpre e,
Se cumpre, só o faz
A força de uma nova promessa
Que semeia um desejo maior.
Que dá com uma mão
E tira com a outra
E sempre tira mais do que
Doou tornando o melhor
Desejado pior do que o
Esperado.
O amor que eu amo de paixão
É o amor que flutua na palma
Da minha mão sem tocar
A minha pele. E escorre
Pelos dedos da minha
Alma como que perdido
Mas volta, envaidecido,
Por me fazer de tolo.
O amor mais gostoso é
O amor que só é
Porque finge não ser
E, sendo, me mantém
Querendo mais sem
Ter e me faz seguir
Tentando sem conseguir
Porém, nunca em vão.
O melhor amor tira o sono,
Da coçeira gostosa,
Deixa os lençóis molhados,
Faz pensar antes de sonhar,
Faz sentir vontade de chorar
Escondido e sentido
Por um amor que, de tão sem
Sentido, é o que dá sentido
A tudo.
Amor que esquenta o coração é bom mas...
Bom mesmo, mesmo mesmo...
É o amor que dá frio na barriga.
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Ola. Obrigado por ler e comentar. A arte é a expressão das angustias humanas e este blog é um espaço de reflexões e, com a sua participação caro leitor (a), um espaço para o debate filosófico existencialista. Peço a você que comente criticamente, expresse a sua opinião, recomende o blog e, para pareceres de foro intimo ou pessoal utilize o meu email. Um grande e poético abraço.