domingo, 30 de outubro de 2016

Sobretarde

Um dia sentar-me-ei
Numa cadeira,
Em minha varanda.
E um poema comporei
Como uma ciranda
Com rebuscadas palavras
De velha vaidade.
Coisas da idade
De quem quer exibir aos netos
A sua necessidade de
Afetos
E o orgulho de suas lavras.
Um dia assistirei, imovel,
O dia a dia e o andar apressado
Daqueles que inda não tem
O dever cumprido
E nem vislumbram a vida
Como passado.
Mas já constroem o remanso
E pressentem no futuro
Merecido descanso.
Um dia não serei necessário.
Já não me farão arrimo.
Serei peça de relicário,
Repositório de um nome.
Nobre patriarca guardião de memórias.
Contador de histórias
Que ainda acontecerão.
Num não demorado dia
Serei nome feliz, gravado em pedra.
E dirão que ali jazia
Alguem cujos feitos não são
Lembrados,
Mas os efeitos ainda são sentidos.
Um dia terei sido.

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